HISTÓRIA | A queda da Bastilha


A Revolução Francesa foi um processo histórico divisor de águas e teve no dia 14 de julho de 1789 um dos seus principais marcos.

O dia 14 de julho na França é uma das datas cívicas mais importantes. Trata-se de lembrar de um dos marcos mais simbólicos da Revolução Francesa: a queda da Bastilha. Símbolo do poder do Antigo Regime, a Bastilha era uma prisão à época da Revolução e sua derrubada assinalou a vitória do povo sobre a monarquia.

A Bastilha

A fortaleza da Bastilha foi construída como “Bastião de Saint-Antoine” por Carlos V durante a Guerra dos Cem anos. Primeiramente, tratava-se de um portal para a entrada do bairro de Saint-Antoine, porém, no século XIV, uma ampliação transformou o portal numa fortaleza.

Bastilha antes da revolução
A imponente construção então transformou-se em um dos pontos mais estratégicos de defesa do rei. Protegia o lado leste de Paris, assim como um palácio real. Após o período de guerra, a Bastilha foi transformada em uma prisão do Estado, onde o rei Luís XIII foi o primeiro a enviar presos para lá. No século XVIII, a Bastilha passou a servir também como depósito de armas e de pólvora do exército francês.

14 de julho de 1789

Para entendermos o que levou a derrubada da prisão, é importante contextualizarmos a França naquele período. A França de Luís XVI passava por um período de crises. Para se ter uma ideia, em 1785, uma seca matou grande parte do rebanho do país e, três anos depois, uma outra seca provocou a elevação do preço dos alimentos gerando fome em larga escala atingindo principalmente os mais pobres. Somado a esses fatores, o estado francês estava praticamente falido. A grave crise financeira levou Luís XVI a convocar os Estados Gerais e decidir sobre o futuro do país. A reunião teve início no dia 5 de maio de 1789.


Porém a assembleia que reunia representantes dos três estamentos sociais pouco avançou para encontrar uma solução para os problemas. Os membros do terceiro estado não concordavam com o sistema de votação (que os colocava em desvantagem) e após um período de discussões sem resultado, abandonaram a assembleia e reuniram-se em outro local. No dia 9 de julho, foi proclamada a Assembleia Nacional Constituinte com um objetivo bem claro: preparar uma constituição para a França.

O rei fingiu apoiar a decisão da Assembleia, mas em segredo atuou para que não fossem tirados seus poderes e assim convocou regimentos suíços e alemães para as fronteiras de Paris.

No dia 12 de julho, rumores de que o rei havia convocado o exército para reprimir a assembleia constituinte tomaram Paris. O jornalista Camille Desmoulins discursava para a multidão que passava e se reunia nos jardins do Palais Royal:

“Parisienses, a corte de Versalhes está preparando uma noite de São Bartolomeu para os patriotas! [...] Convoco-os, irmãos, á liberdade.”

O povo inflamado gritava: “às armas”.

Ao longo do dia 12 e 13 de julho, o povo saiu às ruas em busca de armamentos. Depósitos de armas foram saqueadas. Na manhã do dia 14, vários parisienses foram em direção ao Palácio dos Inválidos, onde tomaram canhões e fuzis. No meio daquele turbilhão alguém lembrou que era na Bastilha que a pólvora ficava armazenada.

Às dez da manhã, milhares de parisienses portando fuzis, machados e foices seguiram para a Bastilha. De Launay, diretor da prisão aceitou receber um pequeno grupo de pessoas. Ambas as partes decidiram não abrir fogo. Porém, no início da tarde, dois revoltosos conseguiram avançar além dos limites permitidos e fizeram a população entrar na Bastilha. Um tiro foi ouvido. O povo entendeu que Launay havia dado ordens para que seus homens atirassem. Os guardas avançaram e a população reagiu. A Bastilha transformou-se num palco de guerra. Os soldados logo passaram a apoiar o povo e junto com os parisienses apontaram canhões para a Bastilha. De Launay se rendeu e a população saqueou o prédio. O diretor foi conduzido ao Hôtel de Ville, onde foi decapitado.


Em Versalhes, o rei estava praticamente alienado do que acontecia nas ruas de Paris. Um de seus conselheiros, o duque de Rochefoucauld-Liancourt, acordou o rei para dar a notícia. Luís XVI não tendo noção do que representava os acontecimentos daquele dia apenas disse “mas é uma revolta”, porém Liancourt respondeu: “não majestade, é uma revolução!”

Mesmo sem ainda ter a importância que teve no passado, a Bastilha – que naquele dia tinha poucos presos – era um símbolo do poder do Antigo Regime e sua derrubada pelo povo parisiense tornou-se emblemático no processo revolucionário. O 14 de julho tornou-se uma data simbólica, pois foi escolhida para ser o dia em que se comemora a Revolução Francesa.

REFERÊNCIAS

DHÔTEL, Gérard. "A Revolução Francesa - passo a passo" / Gérard Dhôtel: ilustrações de Nikol: tradução de Rosa Simões - 1ª edição - São Paulo: Claro Enigma, 2015.

A Queda da Bastilha (1789) - História - Infoescola: https://www.infoescola.com/historia/queda-da-bastilha/


Queda da Bastilha  - história, Revolução Francesa, símbolo do absolutismo:

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