TV | Marco Polo: um viajante italiano na corte de Kublai Khan
No auge do Império Mongol, Marco Polo serviu ao imperador Kublai Khan na China e retornou a Veneza para escrever um relato de suas experiências que dariam aos europeus algumas de suas primeiras impressões sobre essa terra tão distante.
Para os ansiosos, a Netflix já disponibilizou a segunda temporada de Marco Polo, série baseada nas aventuras do mercador italiano na corte de Kublai Khan. Como uma obra de ficção, as liberdade artísticas tomadas conduzem o protagonista por tramas que jamais aconteceram, se bem que, se tratando do lendário Marco Polo fica ainda aquela dúvida sobre muito do que se sabe sobre ele. Historiadores divergem em vários pontos e há aqueles que afirmam que o italiano jamais existiu, não passa apenas de fruto de uma mente imaginativa.
Ah, e se quiser saber sobre aquela história do macarrão e Marco Polo, acesse aqui.
De qualquer maneira, as aventuras de Marco Polo na China já empolgavam leitores na Europa e atravessou os séculos chegando na atual série da Netflix que se encontra na segunda temporada. Podemos dizer então que Polo ainda continua empolgando novos públicos com seus contos. Vamos conhecer um pouco da história de Marco Polo no texto abaixo escrito por Cynthia Stokes Brown.
Marco Polo |
No século 13, as pessoas que viviam em Veneza, na Itália, acreditavam que o Sol girava ao redor da Terra e que a Criação ocorreu exatamente 4484 anos antes da fundação de Roma, como cristãos, consideravam Jerusalém, o lugar onde Cristo fora crucificado, como o “umbigo do mundo”, e seus mapas retratavam isso.
Marco Polo nasceu em Veneza, ou, provavelmente, na Croácia, em 1254. Localizada na costa leste da Itália, Veneza serviu como uma porta de entrada para as riquezas da Ásia nessa época de tão crescente comércio. Navios de todo o Mediterrâneo atracavam em seu porto. Mercadores e comerciantes partiam de Veneza para Constantinopla (atual Istambul) e ao Mar Negro para buscar bens na Rússia e para viajar na Rota da Seda, um sistema de rotas comerciais de e para a China atravessando montanhas e desertos da Ásia Central.
Na época do nascimento de Marco, seu pai, Niccolo, e dois tios, todos comerciantes, estavam fora em negociações. Supostamente eles estavam no Mar Negro, mas suas aventuras real,ente tinham tomado caminho até a capital do império Mongol na China, Khanbaliq (Cidade do Khan). Lá, eles tiveram uma audiência com o poderoso governante, Kublai Khan, neto do imperador, Genghis Khan. Quando Niccolo retornou a Veneza após 16 anos, descobriu que sua esposa havia morrido e que tinha um filho de 15 anos, Marco, que não fazia noção que existia.
Dois anos mais tarde, em 1271, Niccolo Polo e seu irmão, Maffeo, partiram novamente, levando Marco, com agora 17 anos de idade, com eles. Desta vez, eles estavam indo direto à corte de Kublai Khan para leva-lo documentos do Papa e óleo sagrado de Jerusalém que ele havia pedido. Mesmo com o passaporte de ouro de Kublai Khan, que permitiu aos viajantes usar alojamentos e cavalos dos mongóis ao longo das rotas, eles levaram três anos para completar a viagem. Ao chegar ao Palácio de Verão de Kublai Khan em 1275, Niccolo apresentou seu filho e o ofereceu a serviço do imperador.
Um jovem talentoso, Marco tinha aprendido várias línguas ao longo do caminho, inclusive o idioma mongol, e havia dominado quatro alfabetos escritos. Dois anos antes da chegada de Marco, Kublai Khan tinha conquistado todas as partes da China e precisava de administradores não-mongóis. Marco assumiu vários tipos de papéis diplomáticos e administrativos para o imperador na sua base em Dadu, que Kublai Khan havia construído ao lado de Khanbaliq. Tanto Dadu quanto Khanbaliq situam-se hoje onde é Pequim.
Após 16 anos na China, os Polos pediram permissão para retornar a Veneza. Aparentemente eles tinham sido tão utéis para o Khan que ele não queria que permitir seu retorno. Por fim, ele permitiu que escoltassem uma princesa mongol, Cogatin, para se tornar noiva do Khan persa; dessa forma eles voltaram para o oeste.
Desta vez, eles viajaram em navios chineses e, depois de muitas dificuldades conseguiram entregar a princesa. Antes que eles pudessem chegar a Veneza, Kublai Khan morreu em 18 de fevereiro de 1294, o que permitiu que governantes locais exigissem o pagamento de comerciantes. Consequentemente, os Polos foram forçados a entregar mais de 4000 moedas bizantinas, uma parcela significativa de sua fortuna, ao governo local de uma cidade do Mar Negro.
Os Polos retornaram a Veneza em 1295, depois de uma ausência de 24 anos. Seu biógrafo entusiasta contou histórias, que podem ter sido meras fofocas, de que, quando eles voltaram, estavam usando roupas mongóis e quase não lembravam sua língua nativa. Seus parentes pensavam que estavam mortos há muito tempo.
Ilustração do século 15 que mostra os Polos navegando para Veneza. |
Veneza entrou em guerra com seu rival, Gênova, na costa leste da Itália. Como era costume para um comerciante rico, Marco Polo financiou seu próprio navio de guerra. Ele foi capturado durante uma batalha naval e acabou numa prisão em Gênova.
Um dos companheiros de cela de Marco Polo, Rustichello de Pisa, tinha a experiência de escrever romances. Como Polo entretia a todos contando sua viajem pela China, Rustichello as escreveu em francês. Esta é a forma de como as histórias de Polo, fonte primária da Europa de informações da China até o século 19, foi criada.
Em 1299, Gênova e Veneza declaram paz; Polo foi libertado e retornou a Veneza, onde se casou com Donata Badoer o casal teve três filhas. Marco Polo passou seus dias como um homem de negócios, trabalhando em casa. Ele morreu com quase 70 anos de idade, em 8 de janeiro de 1324 e foi enterrado sob a igreja de San Lorenzo, porém seu túmulo agora está desaparecido.
O livro de Marco Polo
Poucos textos provocaram mais controvérsias do que “As Viagens de Marco Polo”. A autoria não é clara – é de Polo ou de Rustichello? Ás vezes, o texto está na primeira pessoa, outra na terceira pessoa. A maior parte de texto é baseado em experiências em primeira mão de Marco Polo ou o autor inseriu histórias contadas por outras pessoas? Parece ser uma mistura dos dois. O que foi relatado parecia tão bizarro aos europeus que os leitores pensavam que tudo foi exagerado. No entanto, historiadores tem em grande medida confirmado os fatos em relação a dinastia mongol.
Polo provou ser um contador de história envolvente. Ele encontrou costumes mongóis fascinantes e informou-os com entusiasmo, como o uso do papel para dinheiro e da queima de carvão para produzir calor. O dinheiro de papel já tinha seu uso na China há centenas de anos, e carvão tinha sido queimado em regiões da China desde o início da agricultura.
Quando Cristóvão Colombo zarpou em 3 de agosto de 1492, na na esperança de encontrar uma nova rota para o Mar da China, ele carregava consigo uma cópia pesadamente anotada de “As Viagens de Marco Polo” esperando que fosse útil.
Muito bom o texto. Uma pergunta, se não me engano no seriado podemos ver o papa em Jerusalém, isso é verdade ou só mais uma " liberdade artística"?
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