Revolução Industrial | A força que vem dos sindicatos
Surgem os sindicatos e os trabalhadores lutam por seus direitos.
A Revolução Industrial não trouxe apenas mudanças no modo de
produção, mas também nas relações humanas. Eram as máquinas ditando a vida dos
trabalhadores.
Como vimos no texto “O alvorecer de uma nova era”, a sociedade que
se organizou em torno da industrialização dividiu-se principalmente entre
burguesia e proletariado.
Tanto os trabalhadores quanto os patrões sentiram as
transformações advindas da Revolução Industrial. Enquanto a burguesia adaptou
os meios de produção na busca de diminuir os custos e aumentar os lucros, os trabalhadores
tiveram que se adequar aos hábitos urbanos e ao tempo do relógio.
No campo, o ritmo do tempo era ditado pelos ciclos da natureza.
Havia o tempo de plantar, de colher, cuidar do gado, ordenhar etc. Não havia
necessidade de pressa.
No entanto essa relação com o tempo mudou com a Revolução
Industrial. O trabalho nas fábricas corria no ritmo marcado pela disciplina do
relógio. A entrada e a saída dos operários era controlada, assim como o horário
do almoço e do trabalho. O relógio já existia antes da revolução, mas a
necessidade de controlar o tempo de trabalho nas fábricas difundiu o uso do
equipamento.
As condições de vida dos trabalhadores nos centros urbanos não
eram as das melhores. A população operária se concentrou nas cidades
industriais formadas por bairros de ruas estreitas, sujas, habitadas por
mendigos e desempregados. Era um local com odores desagradáveis, onde a miséria
materializava-se. Grandes partes desses bairros ficava próximo às fábricas e as
casas, geralmente, eram de dois andares abrigando um grande número de pessoas.
Não havia fossas e tão pouco redes de esgoto. Em alguns bairros existia o
serviço de coleta pública enquanto que em outras localidades era comum os
detritos serem jogados nas ruas. Não é de se espantar que em condições como
essas, doenças como tuberculose e cólera eram freqüentes.
Nas fábricas, as condições não eram melhores. Geralmente eram
lugares úmidos e quentes e sem qualquer ventilação. A alimentação era péssima e
insuficientes.
As longas jornadas de trabalho, acidentes e doenças diminuíam a
expectativa de vida dos trabalhadores.
Além dos homens, crianças e mulheres também trabalhavam nas
fábricas. Alguns patrões preferiam contratar crianças e mulheres que recebiam
menos que um homem. Segundo o historiador T. S. Ashton, dos 1150 operários que
trabalhavam nas fábricas de Derbyshire e da Inglaterra, dois terços eram
crianças. A jornada de trabalho era a mesma para todos os trabalhadores que
eram vigiados por seus superiores.
Sem nenhuma lei que amparasse os trabalhadores, no início do
século 18, os tecelões ingleses passaram a organizar as primeira associações
trabalhistas para pressionar o patronato em busca de melhores condições de vida
e de trabalho.
Em 1811 ocorreram as primeiras manifestações de reação da classe
trabalhadora. Operários invadiam as fábricas a noite para quebrar as máquinas.
Esse movimento ficou conhecido como “ludismo” já que era liderado por Ned Ludd.
O ludismo se espalhou pela Europa, porém o movimento foi reprimido pelas
autoridades que reagiram de forma violenta.
Operários destruindo as máquinas no movimento que ficou conhecido como "ludismo" |
As corporações de oficio já existiam desde a Idade Média. Com a
Revolução Industrial os operários passaram a se reunir, primeiramente, em
“associações de auxílio mútuo” com o objetivo de auxiliar operários que
sofreram acidentes de trabalho, que ficavam doentes ou desempregados. Foi
criado um fundo de reserva que era utilizado em momentos de necessidade.
Dessas primeiras organizações surgiram os sindicatos (trade
unions), organizações com o objetivo de lutar pelos direitos dos trabalhadores.
Logo os sindicatos foram formados em vários países da Europa e conquistaram
importantes direitos como aumento do salário, redução da jornada de trabalho,
férias etc.
Cartaz da Associação de Trabalhadores de Madeira, um dos sindicatos mais influentes da Inglaterra do século 19. |
Porém, as conquistas não foram fáceis. Na Inglaterra, as
associações trabalhistas foram proibidas em 1799 e 1800. Mesmo na ilegalidade,
os sindicatos continuaram existindo fortalecendo a causa do movimento operário
inglês.
Em 1837, surgiu o primeiro movimento operário inglês de reivindicações
de direitos políticos. Nascido em Londres, a associação enviou uma carta ao
Parlamento, a Carta do Povo, onde pediam voto secreto, renovação do Parlamento,
sufrágio universal masculino entre outras coisas. Porém os parlamentares não
aprovaram o documento o que desencadeou greves e manifestações. A repressão
provocou feridos e mortos.
Em 1840, uma nova carta foi apresentada com novas reivindicações
trabalhistas. Aos poucos, pressão dos trabalhadores organizados dava
resultados e no início do século 20, os operários já contavam com melhorias nas
condições de vida e trabalho. Outros países da Europa seguiram o exemplo.
Segunda Carta apresentada em 1840 |
FONTE:
Seriacopi, Gislane Campos Azevedo. História: volume
único. 1. ed. São Paulo: Ática, 2005.
Apolinário, Maria
Raquel. Projeto Araribá: História/ensino fundamental (6º ano). 2 ed. São Paulo:
Moderna, 2007.
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