#HistóriaNerd | Dr. Frederick Wertham, o maior inimigo dos super-heróis




Quando o Superman surgiu pela primeira vez em 1938, os quadrinhos tornaram-se um fenômeno de venda. De 150 títulos comercializados em 1937, o número foi para 700 em 1940. Mas apesar do sucesso que faziam, os quadrinhos não eram bem visto por todos. “Mal escrito, mal desenhado, mal impresso”, denunciava Sterling North, crítico literário do Chicago Daily News, porém o pior inimigo que as histórias em quadrinhos encontraram estava na figura do dr. Frederick Wertham que considerava os gibis uma subversão e deveriam ser censurados. 

Frederick Wertham nasceu em Munique, no ano de 1895. Estudou medicina na Alemanha e na Inglaterra e mudou-se para os Estados Unidos em 1922, onde tempos depois, como especialista em delinquência juvenil, estabeleceu que 90% dos jovens delinquentes de Nova York liam histórias em quadrinhos, ou seja, a leitura destas revistas eram também responsáveis pela criminalidade. 

Em 1947, no semanário Saturday Review of Literature, Wertham escrevia sobre a periculosidade dos quadrinhos afirmando que eles eram “violentos e carregados de perversão sexual”. Em 1948, fez uma palestra para um estádio lotado. O tema da sua apresentação foi “A Psicopatologia das Histórias em Quadrinhos”. Nesse mesmo ano, a revista Time noticiava fogueiras alimentadas pelas comics. O clima de caça ás bruxas já se sentia no ar e provavelmente era um reflexo do macarthismo.

Revistas de super-heróis eram queimadas em Nova York (1948).

No início dos anos 1950, não era apenas Frederick Wertham que mostrava preocupação com o que os jovens liam. Professores, jornalistas, líderes religiosos e também os pais voltaram sua atenção para as histórias em quadrinhos. Superman, Batman e Mulher-Maravilha se tornaram alvos de Wertham. Batman e Robin foram acusados por possuírem tendências homossexuais, assim como a Mulher-Maravilha apresentava comportamento lésbico. O Superman foi acusado de valorizar atributos nazistas.

Para Frederick Wertham, Batman, Robin e Mulher-Maravilha possuíam comportamentos homossexuais.

No ano de 1954, Frederick Wertham lança sua obra máxima Seduction of the Innocent (Sedução dos Inocentes), onde o psiquiatra destilava todo o tipo de aspectos negativos que os quadrinhos possuíam. Wertham fez campanha para que os quadrinhos fossem censurados e proibidos para menores de 16 anos. O Congresso americano pressionou os editores a criarem um código de ética e assim nascia o Comics Code Authority, um organismo de autocensura. 

Frederick venceu sua cruzada em parte, pois apesar dos quadrinhos terem perdido sua força nos anos seguintes, nunca deixaram de ser consumidos pelos mais jovens e também pelos adultos. Mesmo com o olhar conservador de Wertham, os quadrinhos por ele proibidos tornaram-se relíquias para os colecionadores. Porém a surpresa maior ocorreu em 1793, quando o arqui-inimigo dos quadrinhos declarou ser fã da arte pop. Escreveu um livro exaltando os quadrinhos em 1974, O Mundo dos Fanzines: Uma Forma Especial de Comunicação. Frederick Wertham morreu em 1981 e tinha se tornado um leitor de Batman e do Homem-Aranha.

FONTE: DONZELLI, Xavier. Censura, o maior perigoso dos supervilões. In: Revista Grandes Temas História Viva Edição Especial, nº 52. p. 54-57.

Frederick Wertham: O inimigo da HQ. Site Guia do Estudante.

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