A infância durante o Brasil imperial
D. Pedro II provavelmente é a criança mais famosa do Brasil Império. Quando seu pai, Pedro I, abdicou do trono brasileiro em 1831, o então príncipe que tinha apenas 5 anos já encarnava o simbolismo de liderança do poder real. Ainda não podendo de fato assumir o comando do reino, segui-se o período regencial.
Filho de imperador, Pedro de Alcântara teve uma infância com acesso a tudo que poderia ter direito, mas qual seria as condições das crianças durante o Brasil Império? Sejam elas ricas ou pobres. Confira a resposta no texto a seguir:
D. Pedro II ainda criança ao lado de um tambor. |
“Durante o século XIX, os filhos da elite levavam uma vida fortemente influenciada pela cultura europeia. Vestiam-se segundo modelos franceses ou ingleses e boa parte de seus brinquedos vinha do exterior: soldadinhos de chumbo, bonecas de porcelana, mais tarde trenzinhos, velocípedes, etc. Como no início do período imperial havia poucas escolas, a educação das crianças ficava a cargo de preceptores, em geral mulheres de origem europeia, encarregadas de assegurar-lhes uma formação moral, pedagógica e cultural.
Matemática, Literatura, Línguas Estrangeiras, Prendas do Lar (no caso das meninas): juntamente com as disciplinas básicas, as crianças aprendiam ainda os atributos necessários à vida social da elite, como tocar piano, dançar, declamar, etc. A partir de 1827, foram criadas algumas escolas primários e os primeiros cursos superiores do Brasil. Os meninos da elite puderam, então, ingressar na escola aos 7 anos e se formar, anos mais tarde, geralmente em Direito. As meninas, por sua vez, encerravam sua aprendizagem antes dos 14 anos, idade com a qual já podiam casar.
Já as crianças livres e pobres cresciam em meio a privações de todo tipo. Sem acesso à formação escolar, em geral, tornavam-se adultos analfabetos e desprovidos de direitos. Sorte ainda pior estava reservada aos filhos de escravos. Ao nascer, eles poderiam ficar com a mãe ou ser doados ou vendidos por seus proprietários. Aos 4 ou 5 anos, muitos já assumiam responsabilidades em trabalhos como cuidar do gado, catar grãos estragados, ajudar em tarefas domésticas, etc. aos 12 anos, já eram considerados adultos.
O que os filhos dos ricos e dos pobres enfrentavam em comum era o alto índice de mortalidade infantil. As péssimas condições sanitárias dos centros urbanos e a falta de conhecimentos médicos (além da desnutrição, no caso das crianças pobres e dos escravos), entre outros fatores, faziam com que as crianças se tornassem as principais vítimas de doenças contagiosas que assolavam o Império e quase sempre levavam à morte.
Dos sete filhos que Dom Pedro I teve com Dona Leopoldina, três morreram ainda na infância; e dos quatro filhos de Dom Pedro II, dois também faleceram nos primeiros anos de vida.”
FONTES: Ana Maria Mauad. A vida das crianças da elite durante o Império; José Roberto de Góes; Manolo Florentino. Crianças escravas, crianças dos escravos. In: Mary Del Priore (Org.). História das Crianças no Brasil. São Paulo: Contexto. 1999. In: Gislane Campos Azevedo Seriacopi. História: volume único. 1 ed. São Paulo: Ática, 2005. p. 305.
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