A Ordem dos Assassinos | Conheça a seita que inspirou a série de jogos "Assassin's Creed"


Por mais de cem anos no Oriente Médio, nenhum sultão, príncipe, chefe árabe ou turco dormira em paz. Os principais líderes do mundo muçulmano temiam a morte pelo punhal, mas não um punhal qualquer, temiam o punhal dos membros da Ordem dos Assassinos. A ordem secreta que nasceu no século XI para impor uma nova religião no Oriente Médio é fonte de inspiração para a série de jogos de videogame Assassin’s Creed

Hassan Bin Sabbah
O fundador da Ordem dos Assassinos foi Hassan Bin Sabbah, que no dia 4 de setembro de 1090, conquistou a fortaleza de Alamut, situada nas montanhas Elbourz, no noroeste do Irã. Sabbah era filho de uma poderosíssima família iraniana e, a partir de Alamut começou sua cruzada para impor o ismaelismo no Oriente Médio. O ismaelismo é uma religião dissidente do islamismo xiita e acrescenta o profeta Ismael aos seis profetas reconhecidos pelo Corão: Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Maomé. 

Com o intuito de eliminar os invasores árabes e turcos do seu país, Sabbah necessitava de homens leais a sua causa. Não foi atrás de mercenários, pois queriam homens que se entregassem de corpo e alma. Para conseguir a fidelidade de seus homens, Sabbah levava-os ao paraíso, onde jardins maravilhosos, fontes de água fresca e jovens mulheres eram a recompensa para quem fosse leal a Ordem. Tais visões paradisíacas eram provocadas pelo efeito do haxixe (substancia extraída das folhas da Cannabis sativa, uma planta herbácea da família das Canabiáceas – a mesma planta usada para produzir maconha). Ao saírem do transe, os homens eram convencidos que as visões eram reais e era aquilo que os aguardava após a morte. Após aceitarem fazer parte da seita, eram treinados para manejar o punhal, arma característica da seita. 

Ruínas da cidade de Alamut

Os membros da Ordem dos Assassinos se espalharam pelo Oriente Médio. Do Irã ao Cáucaso, da Síria ao Egito, príncipes muçulmanos eram assassinados e todos traziam as marcas da adaga de Hassan Bin Sabbah. Os assassinos eram treinados para se infiltrarem no reino inimigo, aprendiam a língua do país para onde seriam enviados e ao conquistar a confiança das suas vítimas, realizavam suas missões. Nenhum homem estava protegido, nem mesmo no interior de suas fortalezas. 

Foi nesse contexto que os primeiros cruzados chegaram ao Oriente Médio. Quando as Cruzadas tiveram início, as ações do grupo de bin Sabbah não foram perturbadas pela chegada dos cristãos. Pelo contrário, por vezes, cruzados e a ordem negociavam a neutralidade. Em 1124, durante a segunda cruzada, Hassan Bin Sabbah morreu. No entanto, um de seus filhos, Buzourg Umid, assumiu a liderança da ordem, assim como o nome do pai. Nascia a lenda do Velho da Montanha, pois seus inimigos acreditavam que o chefe da Ordem dos Assassinos era imortal. 

Buzourg morreu em 1138 e a liderança foi assumida por ser filho, Muhammad, que continuou o legado do Velho da Montanha. Os cadáveres de sultões, Cádiz, vizires e califas se amontoavam com o passar dos anos. Até o primeiro príncipe cristão, o conde Raimundo II de Trípoli encontrou seu fim pelas mãos da Ordem. A dinastia de Hassan ficou no poder até 1161, quando um dos filhos de Muhammad, Qadal al-Din Hassan assume a liderança da ordem. Qadal tentou por três vezes matar Saladino, um dos pincipais lideres do mundo árabe, mas fracassou nas três tentativas. 

A Ordem dos Assassinos encontrou seu fim do século XIII, quando os mongóis arrasam Alamut, em 1256. A lenda do Velho da Montanha terminava. O que hoje sabemos sobre a Ordem dos Assassinos é proveniente do relato de seus adversários e cronistas cruzados europeus, pois os textos da seita desapareceram. No entanto, a sombra daquilo que foi a ordem secreta que levou o terror ao Oriente Médio entre os séculos XI e XII continua viva na cultura popular dos games com a série de jogos Assassin’s Creed que fez despertar o interesse de se conhecer a verdadeira Ordem dos Assassinos.

FONTE: PARINAUD, Marie-Hélène. Assassinos: O punhal do fundamentalismo. Revista História Viva nº101, Março, 2012. Editora Duetto, p. 52.53.

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