O Príncipe do Egito
IMAGENS SURPREENDESTES FAZEM DE O PRÍNCIPE DO EGITO UM FILME INESQUECÍVEL E UMA FONTE DE DISCUSSÃO NAS AULAS DE HISTÓRIA
Numa determinada aula
de história, o professor pergunta ao aluno quais os seus conhecimentos sobre a
história de Moisés. O aluno, seguro naquilo que sabia, respondeu sem
pestanejar: “Sim! No Egito daquele tempo, os hebreus eram escravos dos
egípcios, aí o faraó mandou eliminar todos os filhos dos hebreus para não
deixar o número de hebreus aumentar. Teve uma mãe que se escondeu numa casa,
esperando os soldados passarem. Aí quando deu para sair, ela fugiu até a beira
do rio e colocou seu filho numa cesta e o lançou no rio. A cesta teve que
passar pelos hipopótamos, pela boca dos crocodilos, quase bateu nos barcos e
foi encontrado pela rainha que deu o nome de Moisés ao bebê”. Ao final da
eloquente explicação o professor comenta: “pois é, também vi esse filme”.
Respondendo a questão
feita pelo professor, o aluno descreveu a sequencia inicial do filme O Príncipe do Egito (1998). O filme foi
a fonte construtora das imagens mentais desenvolvidas pelo aluno a fim de
compreender o episódio narrado no livro do Êxodo. Dessa forma convém
analisarmos o filme tendo em vista o seu potencial como fonte de discussão nas
aulas de história pelas imagens que exibe.
O filme aborda dois
pontos do conteúdo programático do 6º ano do ensino fundamental: a civilização
do Antigo Egito e a história do povo hebreu.
A história de Moisés
e a saída do povo hebreu do Egito são narradas no livro do Êxodo. O filme deixa
bem claro no seu início que apesar das liberdades artísticas tomadas, O Príncipe do Egito busca manter a essência
de uma história fundamental a diferentes religiões.
O Príncipe do Egito inaugura as animações criadas pela “DreamWorks
Studios”. Steven Spielberg, um dos fundadores da DreamWorks, teria sugerido a
ideia de uma animação com proporções épicas e o filme “Os Dez Mandamentos” foi
citado como uma história capaz de reunir grandeza, esplendor e magia que
buscavam para a animação.
Algumas das pessoas
envolvidas na produção do filme visitaram o Egito e capturaram in loco, através de seus desenhos, os
monumentos e a arquitetura do Egito Antigo que serviriam para compor os cenários
das ações de O Príncipe do Egito.
Todas essas
informações são importantes ao professor que quer fazer uma análise séria do
filme. Muitas informações podem ser encontradas no making off do filme em DVD. Além dos personagens e da ação, o
professor pode analisar de que forma o Egito Antigo foi retratado no filme através
dos cenários. Se a caracterização dos espaços ajudam a perceber as diferenças
sociais entre os egípcios e os hebreus. Vários questionamentos podem ser feitos
nesse sentido levando ao aluno refletir sobre a imagem proposta pelo filme. Nas
entrevistas, os desenhistas revelaram que aumentaram em duas ou três vezes a
proporção dos monumentos egípcios no filme a fim de transmitir a imagem de um império
grandioso.
Além da arquitetura
dos templos e dos palácios, em O Príncipe
do Egito podemos perceber de que forma foi retratado o poder dos faraós. No
filme são mostrados dois faraós. Num primeiro momento, Seth I, segundo faraó da
XIX dinastia, é o governante do Egito. Com
a passagem do tempo, Seth I foi substituído por seu filho, Ramsés II, que
reinou o Egito entre 1279 a.C. e 1213 a.C. Ainda podemos perceber o poder
supremo dos faraós na frase: “Eu sou o Egito. A Estrela da Manhã e da Noite. Se
eu disser que é noite está decidido”.
A relação entre egípcios
e hebreus no contexto abordado no filme demonstra as relações de trabalho no
Egito Antigo. A escravidão era a força de trabalho responsável pelas construções
dos templos, palácios e pela produção nos campos. Os escravos realizavam os
trabalhos mais perigosos e pesados.
Nesse momento é
interessante vermos em que ponto a história do povo hebreu se cruza com a trajetória
do povo egípcio. Tendo como fonte a Bíblia, os hebreus que haviam se fixado em
Canaã - a Terra Prometida - emigraram para o Egito, por volta de 1800 a.C.,
após um longo período de seca e fome. O Egito naquela época estava sobre a
dominação dos hicsos, mas com a expulsão destes, os hebreus foram escravizados
pelos egípcios, que os acusavam de ter colaborado com os invasores.
Por muitos e muito
anos, os hebreus viveram sobre o regime da escravidão até que por volta de 1250
a.C. fugiram de volta à Palestina, liderados por Moisés. A fuga do povo hebreu
do Egito, narrado no livro Êxodo, é a fonte do enredo de O Príncipe do Egito.
Não se pode deixar de
abordar, analisando O Príncipe do Egito,
a religiosidade do povo egípcio e do povo hebreu. Com diferenças em suas
práticas religiosas, o filme deixa bem claro em quais pontos as duas formas de
religião divergem. O Príncipe do Egito
mostra o politeísmo característico da religiosidade egípcia. As formas zoomórficas
que os deuses egípcios possuíam são mostradas nas imagens dos templos e
estátuas. Além disso, o filme mostra as atividades dos sacerdotes que tinham a
função de executar os serviços religiosos como administrar os templos. No filme,
Hotep e Huy são os sacerdotes que estão sempre ao lado do faraó prontos para
aconselhá-los ou explicar questões ligadas a religião.
Os hebreus possuíam uma
religião de caráter monoteísta. Quando Deus aparece a Moisés revela que é o “Deus
de seus antepassados, de Abraão, Isaac e Jacó”. Nesse encontro, Deus reafirma
sua aliança com o povo hebreu e promete a liberdade do seu povo da servidão no
Egito e levá-los a Terra Prometida.
O Príncipe do Egito foi lançado nos cinemas em dezembro de 1998 e
arrecadou $ 218.613, 188 ao redor do mundo. O filme ainda foi indicado a dois
Oscars e ganhou na categoria de Melhor Canção Original pela canção “When You
Believe”. As canções tornam-se elementos que engrandecem ainda mais a produção.
O filme apresenta imagens inesquecíveis como a escravidão no Egito, a jornada
do povo hebreu pelo deserto e a passagem pelo Mar Vermelho. Imagens que
permanecerão no nosso imaginário e serão referências quando refletirmos sobre o
êxodo do povo hebreu do Egito.
Título Original: The Prince Of Egypt
Diretor: Stephen Hickner, Simon Wells, Brenda Chapman
Produção: Penney Finkelman Cox, Sandra Rabins
Roteiro: Philip Lazebnik
Trilha Sonora: Hans Zimmer
Duração: 97 min.
Ano: 1998
País: EUA
Gênero: Animação
Cor: Colorido
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio:
Dreamworks
Classificação: Livre
Fantástico esse filme fez parte da minha infância e até mesmo hoje
ResponderExcluirFantástico esse filme fez parte da minha infância e até mesmo hoje
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