Conspiração Americana (The Conspirator)

Dirigido por Robert Redford, Conspiração Americana (The Conspirator) é baseado em acontecimentos históricos. O filme se enquadra no gênero de “filmes de tribunal” e conta o julgamento de Mary Surratt (Robin Wright), dona de uma pensão e mãe de um dos homens que ajudou a matar o presidente Abraham Lincoln. Mary Surratt é acusada de ter dado abrigo ao grupo de conspiradores e dessa forma é acusada de cumplicidade e deve ter o mesmo destino dos outros acusados: a morte.

Para defendê-la é convocado o advogado Frederick Aiken (James McAvoy), soldado da União. No entanto ainda parece ser tempos de guerra e Aiken sofre as conseqüências de ter que defender uma sulista.

O contexto histórico do filme retrata as tensões da Guerra Civil Norte-Americana (1861-1865). O período onde as diferenças entre o centro-norte e o sul tornaram-se mais latentes.

No plano político, a situação agrava-se com a eleição de Abraham Lincoln em 1960, pois por décadas o governo estava na mão dos sulistas, mas agora se encontrava na mão de um nortista.

A eleição de Lincoln provocou uma forte reação de sete estados do sul que se separam da União e formaram um país independente: os Estados Confederados da América. Evidentemente, tal separação foi desaprovada pelo Norte dando início a Guerra Civil.

Durante os anos da guerra, a campanha abolicionista ganha novo impulso, pois nos estados do Norte a abolição era desejada, fato que provocou a fuga de muitos escravos do sul para o norte. Abraham Lincoln, que era um abolicionista moderado, disse: “Chegou um tempo em que percebi que a escravidão devia morrer para que a Nação pudesse viver”.

No entanto a abolição da escravidão nos Estados Unidos, logo após a Guerra Civil, não mudou em quase nada a condição dos afro-americanos, pois, se pela constituição passaram a ser considerados cidadãos, no entanto a luta por tal cidadania durou anos.

Mesmo com o final da Guerra, onde os nortistas subjugaram os sulistas, os ressentimentos continuaram. No dia 14 de abril de 1865, confederados atentaram contra a vida do presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln; do vice-presidente Andrew Johnson e do secretário de Estado, William Seward.

Lincoln encontrava-se no Teatro Ford, em Washington, naquela noite e foi morto com um tiro na nuca disparado pelo ator John Wilkes Booth (Toby Kebbell), sulista inconformado com o resultado final da Guerra Civil. Booth fugiu por 12 dias até ter sido encontrado na Virgínia, onde foi morto.

É deste ponto que Conspiração Americana começa. Frederick Aiken é o advogado contratado para defender Mary Surratt. No entanto o julgamento parece um jogo de cartas marcadas e Aiken percebe que não tem muito o que fazer. As evidências contra Mary Surrat parecem ser forjadas, fazendo Aiken ir a fundo e lutar pela absolvição de Surratt, mas ela acaba sendo condenada.

Este fato mostra que Frederick Aiken ficou desiludido com a advocacia e abandonou o ofício. Acabou fundando o jornal The Washington Post, um dos principais jornais do mundo. The Washington Post revelou o escândalo de Watergate que derrubou o presidente Nixon em 1974.

O interessante dos filmes de Robert Redford é a sua marca política. Geralmente suas produções procuram fazer reflexões morais, sociais e éticas. Para o bem ou para o mal, Conspiração Americana também possui essa característica.

Outro fato curioso dessa produção é que Conspiração Americana é o primeiro filme da produtora “The American Film Company”, criada para fazer filmes sobre a história americana. Aí entramos numa das várias discussões sobre a relação entre história e cinema: o cinema pode contar a História?

título original:The Conspirator

gênero:Drama

duração:2 hr 3 min

ano de lançamento: 2011

estúdio: The American Film Company | Wildwood Enterprises

distribuidora: Roadside Attractions (EUA) |

direção: Robert Redford

roteiro: James D. Solomon, baseado em sua história e de Gregory Bernstein

produção: Robert Redford, Greg Shapiro, Robert Stone, Webster Stone, Brian Peter Falk e Bill Holderman

música: Mark Isham

fotografia: Newton Thomas Sigel

direção de arte: Mark Garner