Elizabeth - A Era de Ouro


Sei que tenho o corpo de uma mulher fraca e frágil; mas tenho também o coração e o estômago de um rei – e de um rei da Inglaterra!.
Rainha Elizabeth I

Trata-se da continuação do filme Elizabeth de 1998. Em Elizabeth – A Era de Ouro, Shekar Khapur retorna ao período onde a Inglaterra era governada pela rainha Elizabeth I, filha de Henrique VIII com Ana Bolena, Cate Blanchet retorna ao papel da rainha. O filme dá destaque ao conflito entre Inglaterra e a Espanha culminando com a batalha naval que levou a Invencível Armada espanhola a derrota.

A “Era de Ouro” que dá subtítulo ao filme refere-se ao período em que Elizabeth I foi rainha da Inglaterra entre 1559, ano da sua coroação, até 1603, quando morreu. Esta era foi marcada pela ascensão da Inglaterra.


O Período Elisabetano foi marcado por uma notável produção artística, na dramaturgia destacam-se nomes como Christopher Marlowe e William Shakespeare.

Na navegação, o nome do capitão Francis Drake torna-se notório, pois ele foi o primeiro inglês a dar a volta ao mundo.

No campo político e filosófico ganhava destaque na Inglaterra os discursos de Francis Bacon. São dele Ensaios de Moral e Política (1597), obra de grande importância para a formação da língua inglesa; e Novum Organum (1620), onde “Bacon propõe-se substituir ao Organon do silogismo e dos princípios gerais propostos a priori um Organon novo, a lógica fecunda da experiência e da indução”.

Não podemos esquecer que nesta época também aconteceram as primeiras tentativas de colonizar a América do Norte. A colônia inglesa da Virgínia recebeu esse nome em homenagem a rainha.

No entanto Elizabeth – A Era de Ouro detém-se na guerra entre Inglaterra e Espanha em 1585. No filme o conflito entre essas duas nações foi motivado por motivos religiosos. Elizabeth consolidou na Inglaterra o protestantismo enquanto Felipe II, rei da Espanha e antigo cunhado de Elizabeth, era católico. No enredo desenvolvido por Shekar Kapur, Felipe é representado como um católico fundamentalista. Os símbolos cristãos são amplamente explorados quando se procura representar a ambição do rei da Espanha em expandir o catolicismo. Repare por exemplo nas imagens de Cristo que figuram as velas dos navios. Esses elementos não estão ali de forma gratuita e na análise do filme, tais cenas devem ser levadas em consideração e se perguntar qual a finalidade desses símbolos nesse contexto.

Por destacar apenas os motivos religiosos, o conflito entre protestantes e católicos surge de forma maniqueísta no filme. Elizabeth – A Era de Ouro foi criticada duramente pela Igreja Católica na época do lançamento do filme no Festival de Roma. A revista oficial da Igreja, “Avvenire”, classificou o filme como “anticatólico”. O crítico da revista diz: “é um filme que deforma a verdade histórica e que utiliza de todos os preconceitos anglo-saxões contra os Papas obscurantistas” e continua dizendo que o filme é anticlerical e apresenta “a história de maneira perversa”. Repercussões desse tipo são importantes, pois contribuem na análise do filme. Por isso antes de se utilizar qualquer filme como recurso pedagógico é interessante fazer uma pesquisa sobre o mesmo, indo atrás de sua ficha técnica, das críticas e de tudo que estiver relacionado.

Ao vermos Elizabeth – A Era de Ouro devemos nos questionar se apenas as diferenças religiosas teriam colocado a Espanha contra a Inglaterra. Em uma pesquisa logo se perceberia que não. O fator religioso é importante, mas não é o único.

Os embates entre Elizabeth I e Felipe II remontam muito antes do conflito naval ocorrido em 1585. Em 1568, Felipe II lançou ataques surpresas aos navios corsários dos capitães Francis Drake e John Hawkins. Em 1569, Elizabeth requisitou a captura de um navio tesouro espanhol. As diferenças entre os dois monarcas ainda acirra-se quando Felipe II participa de conspirações para destronar Elizabeth.

Mas se por um lado Elizabeth tinha que se preocupar com as ameaças de Felipe II, pelo outro teve que lidar com as tentativas de usurpação do trono por parte de sua prima Mary Stuart, católica, rainha da Escócia e próxima na linha sucessória do trono inglês. Esse fato Shekar Kapur inclui no seu filme ao mostrar que Elizabeth tem o seu poder ameaçado por causa da prima.

Convém lembrar que em 1584 o parlamento promulgou o Ato de Associação que dizia que qualquer associado em conspirações para assassinar o soberano seria imediatamente excluído da linha sucessória. Sir Francis Walsingham, responsável pela espionagem inglesa, descobre uma conspiração que ficou conhecida como a Conspiração de Babington, onde Mary Stuart foi acusada de cumplicidade e executada no castelo de Fotheringhay em 8 de fevereiro de 1587.

Voltando a Felipe II, este depois de conquistar Portugal e unir as duas coroas dando origem a “União Ibérica”, fato que não é nem mencionado no filme, o rei teve que lidar com a luta de independência das Províncias dos Países Baixos, que se encontravam sob domínio espanhol. Após o assassinato do estadista holandês William I, a Inglaterra passou a apoiar abertamente a independência dos Países Baixos.

Junto a esse fator somava-se o conflito econômico entre Inglaterra e Espanha. Felipe II enfrentava a pirataria inglesa contra as colônias espanholas. Em 1585 foi declarada a guerra Anglo-espanhola.

Em 1586 o embaixador espanhol foi expulso da Inglaterra pela acusação de ter participado de conspirações contra Elizabeth. O conflito entre os dois reinos inflamou-se ainda mais quando da morte de Mary Stuart, esta em seu testamento deixava para Felipe II sua reivindicação ao trono inglês. Dessa forma o rei da Espanha logo começou a planejar uma invasão.

Em abril de 1587, Sir Francis Drake queima a frota espanhola em Cádiz, retardando os planos espanhóis. Mas em 1588, a Invencível Armada espanhola, frota formada por 130 navios e aproximadamente 30.000 homens, dirigia-se a Holanda para auxiliar o exército espanhol que estava sob o comando do duque de Parma. Em seguida deveriam se dirigir ao Canal da Mancha e iniciar a invasão.

Elizabeth ainda procurou incentivar suas tropas em Tibury. No seu discurso ficou célebre a frase: “sei que tenho o corpo de uma mulher fraca e frágil; mas tenho também o coração e o estômago de um rei – e de um rei da Inglaterra!”.

O ataque espanhol foi detido pela frota inglesa comandada por Charles Howard e por Francis Drake ajudados pelo mau tempo naquele dia. A Invencível Armada foi obrigada a recuar e com está vitória a popularidade da rainha Elizabeth aumentou.

No entanto essa batalha não foi decisiva. A guerra contra a Espanha continuou. A Inglaterra manteve-se apoiando a independência dos Países Baixos e passou a apoiar também Henrique IV, um protestante que reivindicava o trono francês.

Navios corsários ingleses continuaram atacando os navios tesouros espanhóis vindos da América, mas em 1589 Inglaterra e Espanha finalmente fazem as pazes.

A novelização de Shekar Kapur dá atenção ao suposto romance da rainha Elizabeth com o corsário Walter Raleigh. Sabe-se que o romance entre os dois só é assim interpretado por romancistas e cineastas. Elizabeth ficou conhecida como a "Rainha Virgem" e que seu possível relacionamento – ainda que platônico – foi com Robert Devereux, Conde de Essex. Esse “caso” já foi abordado no cinema no filme Meu Reino Por Um Amor (The Private Life of Elizabeth and Essex, 1939). Este filme de Michael Curtiz contava com a presença de Bette Davis, Errol Flynn e Vicente Price que interpretava Walter Raleigh.

Sobre Walter Raleigh sabemos que ele realmente teve uma filha com uma aia da rainha, Bess, mas diferentemente como mostrado no filme, Elizabeth não teve uma crise histérica quando tomou conhecimento desse fato. Provavelmente a rainha desaprovava a desobediência da aia. Quanto a batalha naval no Canal da Mancha, Raleigh não participou ativamente no episódio divergindo com a cena em que ele se atira ao mar com os navios em chama.

título original: Elizabeth - The Golden Age
gênero:Drama
duração:1 hr 54 min
ano de lançamento: 2007
estúdio: Studio Canal / Working Title Films
distribuidora: Universal Pictures / UIP
direção: Shekar Khapur
roteiro: William Nicholson e Michael Hirst
produção: Tim Bevan, Jonathan Cavendish e Eric Fellner
música: Craig Armstrong e A.R. Rahman
fotografia: Remi Adefarasin
direção de arte: Christian Huband, Jason Knox-Johnston, Phil Simms e Andy Thomson
figurino: Alexandra Byrne

Comentários

  1. Seu blogger é realmente muito interessante ... seguindo e vou te listar no meu ...

    http://geoabrangencia.blogspot.com/

    ah se vc tiver o texto final da Elizabeth depois que ela toma o bb no colo sabe ?
    passa ele pra mim , ficaria agradecido
    abraços

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  2. Obrigado Eliakim, mas qual texto você se refere precisamente? Vou dar uma olhada, qualquer coisa lhe aviso.

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  3. Respostas
    1. Uma nether Star no meio, tres obsidian na base e o resto coloca bloco de vidro. Espero ter ajudado

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