A Paixão de Cristo - Parte III
Neste último post a respeito do filme A Paixão de Cristo de Mel Gibson, vou destacar um dos pontos mais polêmicos do enredo que refere-se à flagelação e a crucificação de Jesus. No entanto antes de analisar o filme em si veremos de que maneira esse relato da Paixão é descrito pelos historiadores e pelos evangelhos.
Segundo os evangelhos de Matheus, Marcos, Lucas e João, Jesus após ser condenado, foi açoitado (Matheus 27,26; Marcos 15,15; Lucas 23,25; João 19,1). O castigo da flagelação era um modo de infligir medO ao público, logo o indivíduo era açoitado até perder todas as forças. Depois desse castigo, Jesus carregou sua própria cruz até o Monte Gólgota, lugar situado fora dos muros de Jerusalém, ponto visível para as pessoas que saíam e entravam na cidade. Jesus é pregado na cruz e morre.
O cinema nos proporciona uma experiência única. Uma coisa é ler sobre a Paixão, escutar a história, outra é ver as imagens, mesmo que interpretado por atores. É aí que Mel Gibson pega o seu espectador. Na busca por diferenciar seu filme das outras versões, o diretor Gibson quer mostrar o lado real da história, o “foi assim” e retrata o momento da flagelação, mas como um verdadeiro circo de horrores, um espetáculo sádico. Os acoitadores se divertem rasgando a carne do condenado com flagelos de ferro. Mel Gibson utiliza dos efeitos especiais para mostrar uma flagelação digna do filme Jogos Mortais. Quer comover, emocionar e chocar a quem assiste ao filme a ponto do espectador querer adotar a imagem representada como uma imagem do fato histórico. Jesus foi açoitado. Mas lendo os evangelhos não temos a dimensão desse ato. Mel Gibson vai além das outras versões cinematográficas jogando o espectador no meio daquele "matadouro".
Não bastasse a experiência única de ver a versão de Gibson da flagelação, vamos agora para a caminhada de Jesus até ao Monte Gólgota. Diferente do que o filme mostra, Jesus não carrega a cruz inteira, mas apenas a viga transversal dela. Mas isso não é contraditório? Se Gibson que apelar para o lado “real” da história, por que mostrou Jesus carregando a cruz inteira? Provavelmente porque Gibson utiliza dos fatos a maneira que acha conveniente. Vale lembrar que Mel Gibson é católico fervoroso,daquele grupo que não aceita as reformas propostas pelo Concílio Vaticano II e mantém um certo conservadorismo. Como podemos ver essa característica conservadora está presente no imaginário que Gibson possui a respeito da Paixão de Cristo. Ele adota uma imagem perpetrada pela arte e que faz parte do imaginário de bilhões de pessoas: Jesus carregou a própria cruz inteira. No entanto sabemos que de fato isso não aconteceu. Jesus carregou uma viga, pois no local na crucificação já havia um patíbulo, e esse com a viga forma um “T”, ou a “cruz”.
Depois de ser açoitado e humilhado pelos militares, “... E tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e na mão direita uma vara... e cuspindo-lhe, tomavam a vara e batiam-lhe com ela na cabeça” (Matheus 27), Jesus é alvo da população. Condenado como “Rei dos Judeus”, Jesus carrega um letreiro indicando o seu crime e a todo momento é alvo da violência da população, fato retratado no filme. Era comum a população participar dessa forma, vale lembrar que naquele momento Jesus não passa de mais um rebelde condenado.
Jesus chega ao Monte Gólgota. Mais sofrimento. No filme de Gibson Jesus ainda padece na mão dos militares que o pregam na cruz. Aqui mais um ponto de discussão. O filme mostra Jesus sendo pregado pelas mãos, no entanto é bem provável que tenha sido pregado pelos pulsos. Mais uma vez Gibson adere ao imaginário comum e procura comover o espectador com mais cenas de violência, que a essa altura do campeonato já se torna cansativo.
De fato, tudo o que Jesus sofreu estava conforme a lei romana: o julgamento, a condenação e a punição. Mel Gibson procura recontar a história mais conhecida do mundo como se ninguém a conhecesse de forma visual. Isso nos leva a imaginar que para Gibson a história não tinha tanta importância quanto as imagens que ele queria mostrar, ou seja, a história que todos conhecemos, mas nunca “vimos”. E provavelmente essa experiência de “ver” está baseada nas cenas em que Gibson apela da violência. Esta não é gratuita, se levarmos em consideração que o relato da Paixão nos mostra a história de um homem que sofreu e morreu para redimir os pecados da humanidade, dar esperança. Uma pena que essa mensagem fica de forma secundária ao assistirmos ao filme, pois no final da exibição ainda roda em nossas cabeças a plasticidade das cenas violentas.
Segundo os evangelhos de Matheus, Marcos, Lucas e João, Jesus após ser condenado, foi açoitado (Matheus 27,26; Marcos 15,15; Lucas 23,25; João 19,1). O castigo da flagelação era um modo de infligir medO ao público, logo o indivíduo era açoitado até perder todas as forças. Depois desse castigo, Jesus carregou sua própria cruz até o Monte Gólgota, lugar situado fora dos muros de Jerusalém, ponto visível para as pessoas que saíam e entravam na cidade. Jesus é pregado na cruz e morre.
O cinema nos proporciona uma experiência única. Uma coisa é ler sobre a Paixão, escutar a história, outra é ver as imagens, mesmo que interpretado por atores. É aí que Mel Gibson pega o seu espectador. Na busca por diferenciar seu filme das outras versões, o diretor Gibson quer mostrar o lado real da história, o “foi assim” e retrata o momento da flagelação, mas como um verdadeiro circo de horrores, um espetáculo sádico. Os acoitadores se divertem rasgando a carne do condenado com flagelos de ferro. Mel Gibson utiliza dos efeitos especiais para mostrar uma flagelação digna do filme Jogos Mortais. Quer comover, emocionar e chocar a quem assiste ao filme a ponto do espectador querer adotar a imagem representada como uma imagem do fato histórico. Jesus foi açoitado. Mas lendo os evangelhos não temos a dimensão desse ato. Mel Gibson vai além das outras versões cinematográficas jogando o espectador no meio daquele "matadouro".
Não bastasse a experiência única de ver a versão de Gibson da flagelação, vamos agora para a caminhada de Jesus até ao Monte Gólgota. Diferente do que o filme mostra, Jesus não carrega a cruz inteira, mas apenas a viga transversal dela. Mas isso não é contraditório? Se Gibson que apelar para o lado “real” da história, por que mostrou Jesus carregando a cruz inteira? Provavelmente porque Gibson utiliza dos fatos a maneira que acha conveniente. Vale lembrar que Mel Gibson é católico fervoroso,daquele grupo que não aceita as reformas propostas pelo Concílio Vaticano II e mantém um certo conservadorismo. Como podemos ver essa característica conservadora está presente no imaginário que Gibson possui a respeito da Paixão de Cristo. Ele adota uma imagem perpetrada pela arte e que faz parte do imaginário de bilhões de pessoas: Jesus carregou a própria cruz inteira. No entanto sabemos que de fato isso não aconteceu. Jesus carregou uma viga, pois no local na crucificação já havia um patíbulo, e esse com a viga forma um “T”, ou a “cruz”.
Depois de ser açoitado e humilhado pelos militares, “... E tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e na mão direita uma vara... e cuspindo-lhe, tomavam a vara e batiam-lhe com ela na cabeça” (Matheus 27), Jesus é alvo da população. Condenado como “Rei dos Judeus”, Jesus carrega um letreiro indicando o seu crime e a todo momento é alvo da violência da população, fato retratado no filme. Era comum a população participar dessa forma, vale lembrar que naquele momento Jesus não passa de mais um rebelde condenado.
Jesus chega ao Monte Gólgota. Mais sofrimento. No filme de Gibson Jesus ainda padece na mão dos militares que o pregam na cruz. Aqui mais um ponto de discussão. O filme mostra Jesus sendo pregado pelas mãos, no entanto é bem provável que tenha sido pregado pelos pulsos. Mais uma vez Gibson adere ao imaginário comum e procura comover o espectador com mais cenas de violência, que a essa altura do campeonato já se torna cansativo.
De fato, tudo o que Jesus sofreu estava conforme a lei romana: o julgamento, a condenação e a punição. Mel Gibson procura recontar a história mais conhecida do mundo como se ninguém a conhecesse de forma visual. Isso nos leva a imaginar que para Gibson a história não tinha tanta importância quanto as imagens que ele queria mostrar, ou seja, a história que todos conhecemos, mas nunca “vimos”. E provavelmente essa experiência de “ver” está baseada nas cenas em que Gibson apela da violência. Esta não é gratuita, se levarmos em consideração que o relato da Paixão nos mostra a história de um homem que sofreu e morreu para redimir os pecados da humanidade, dar esperança. Uma pena que essa mensagem fica de forma secundária ao assistirmos ao filme, pois no final da exibição ainda roda em nossas cabeças a plasticidade das cenas violentas.
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