HISTÓRIA | O assassinato da família Romanov


2018 marca os 100 anos da execução da família Romanov, a dinastia que esteve no poder do Império russo por cerca de 300 anos.

Ano passado, a Revolução Russa completou 100 anos. Foi um momento de relembrar e refletir sobre a experiência comunista na antiga União Soviética. Entre os acontecimentos que moldaram a nação que surgia em 1917 estava a dissolução do Antigo Regime russo, o czarismo, que aconteceu de forma bárbara com a execução do imperador Nicolau e sua família.

Revolução Russa

O processo revolucionário russo de 1917 marcou a história do século XX. A construção do estado soviético pelo partido bolchevique provocou mudanças radicais na Rússia. Divergindo das nações europeias ocidentais, o estado soviético se fortaleceu controlando os meios de produção dando aos burocratas um controle nunca experimentado sobre as estratégias econômicas e sociais.

Para a implementação do modelo soviético, muito sangue foi derramado no solo russo. Em 1905, uma multidão foi recebida a tiros ao se dirigir para o Palácio de Inverno, em São Petesburgo. O povo se manifestava contra a guerra russo-japonesa, a fome e as péssimas condições de vida. E entre 1918 e 1922 ocorreu na Rússia uma guerra civil que colocou em conflito as forças simpatizantes ao antigo regime contra os bolcheviques.

Foi durante a Guerra Civil, mas precisamente em 17 de julho de 1918, que mais sangue foi derramado. Dessa vez, o sangue real dos Romanov.

A família Romanov

A Dinastia Romanov já estava no poder do Império russo há cerca de 300 anos. O primeiro czar da família foi Mikhail I, em 1623, e o último foi Nicolau II, em 1918.

Nicolau II além de ser imperador da Rússia era rei da Polônia e Grão-Mestre da Finlândia. Fora casado com Alice de Hesse e Reno e tiveram cinco filhos: Olga, Tatiana, Maria, Anastásia e Alexei.


Com a situação de crise que a Rússia passava no início do século XX, Nicolau II se viu pressionado e alvo de manifestações do povo insatisfeito com o estado lamentável do país. A Grande Guerra havia começado em 1914 e Nicolau II envolveu a Rússia na guerra aumentando ainda mais a desaprovação do povo para com ele. Em 1917, soldados e trabalhadores invadiram o Palácio Tauride e conseguiram a renúncia do czar. Um governo provisório foi formado, a família Romanov foi levada para Tobolks e posteriormente para Ecaterimbugo, onde na Casa Ipatyev teve sua estada final.

A execução

Com os bolcheviques no poder, muitos membros do partido queriam o julgamento do czar. Porém, com o avanço da Guerra Civil, o temor de que o Exército Branco (força simpatizante ao czar) tomasse Ecaterimburgo era grande. Os bolcheviques temiam que os Romanov caíssem nas mãos do exército Branco e contra-atacassem. Sabiam também que qualquer membro da família real poderia reivindicar o poder na Rússia com a provável morte do czar Nicolau II. Dessa forma, os bolcheviques traçaram planos para acabar com essa ameaça de uma vez por todas.

Por volta da meia noite do dia 17 de julho de 1918, Yakov Yurovsky, responsável por vigiar a família real, deu ordens para que a mesma fosse acordada. Os Romanov se levantaram, vestiram suas roupas, pois foi dito a eles que seriam transferidos para outro local, devido ao caos que havia se instalado na cidade com a Guerra Civil. Porém, foram levados, junto com seus servos, para o porão da Casa Ipatyev, onde Yurovsky leu a sentença:

“Nikolai Alexandrovich, em vista do fato que seus parentes estão continuando seu ataque a Rússia Soviete, o Comitê Executivo Ural decidiu executá-lo.”

Com a ordem dada e para a surpresa de Nicolau II, o pelotão atirou. A fumaça dos tiros deixou o ambiente com pouca visibilidade. A porta então foi aberta e assim que a fumaça dissipou, os soldados viram que os filhos de Nicolau haviam sobrevivido: Olga era a mais velha com 22 anos e Alexei o mais novo com 13. Eles foram executados a tiros.

Porão da Casa Ipatyev, onde os Romanov foram executados.
Nos anos seguintes

Durante o regime soviético, praticamente nada foi feito para investigar a morte dos Romanov e descobrir o paradeiro dos seus corpos. Em 1979, dois russos, Alexander Avdonin e Gueli Riabov, descobriram cinco ossadas próximas ao local onde os Romanov viveram seus últimos dias. Mas temendo a reação do governo soviético com a descoberta, os dois amigos enterram as ossadas. Em 1989, com o fim da União Soviética, as ossadas foram exumadas e testes de DNA confirmaram que se tratavam dos membros da família real: Nicolau, sua esposa e três filhas Olga, Tatiana e Anástasia. Em 2007, foram encontrados os restos mortais de Alexei e Maria.

Atualmente, os Romanov são considerados santos pela Igreja Ortodoxa Russa e no local da Casa Ipatyev foi construída a Igreja do Sangue Derramado e de Todos os Santos Resplandecentes na Terra Russa.

Igreja do Sangue Derramado e de Todos os Santos Resplandescentes na Terra Russa

REFERÊNCIAS:

A Morte dos Romanov: 10 fatos importantes sobre a execução da família real russa - Rainhas Trágicas: https://rainhastragicas.com/2017/07/27/a-morte-dos-romanov-10-fatos/


História da Revolução Russa - História do Mundo: https://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/revolucao-russa.htm

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