História | D. Leopoldina, a mulher que decretou a independência do Brasil


No dia 7 de setembro de 1822, D. Pedro I proclamava a independência do Brasil, decretada cinco dias antes por sua esposa, D. Leopoldina.

Nos nossos livros didáticos, lemos que a independência do Brasil foi proclamada no da 7 de setembro de 1822 por D. Pedro I. A partir dessa data, o Brasil deixava de fazer parte do reino português para se tornar um reino soberano. Mas o que os nossos livros didáticos não contam é que a independência do Brasil já havia sido proclamada no papel cinco dias antes. 

E é aí que entra D. Leopoldina. 


Carolina Josefa Leopoldina de Habsburgo-Lorena era arquiduquesa da Áustria que em aliança política com o reino de Portugal preparou seu casamento com o herdeiro de Dom João VI, D. Pedro. O casamento foi feito através de contrato assinado em 1816. 

Em 1822, D. Pedro realizou uma viagem à província de São Paulo, mas não sem antes passar o poder a D. Leopoldina que durante um mês governou o Brasil como chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil. 

Enquanto D. Pedro estava em São Paulo tentando apaziguar o clima separatista (lideranças queriam a separação de São Paulo do resto do Brasil), D. Leopoldina recebia notícias de que Portugal preparava uma ação contra o Brasil. A Princesa Regente não perdeu tempo e junto com o Ministro das Relações Exteriores, José Bonifácio, convocou uma reunião extraordinária com o Conselho de Estado, no Paço da Boa Vista, no Rio de Janeiro, e decidiu pela separação entre Brasil e Portugal e a independência foi proclamada em documento assinado no dia 2 de setembro de 1822.

D. Leopoldina assina a declaração de independência, por Georgina de Albuquerque

José Bonifácio confiou a Paulo Bregaro que levasse para D. Pedro, em São Paulo, cartas informando a situação e a decisão tomada pelo Conselho, porém o mensageiro encontrou o príncipe a caminho do Rio que após ler as cartas e tomar ciência dos acontecimentos, do alto de um colina próximo ao riacho Ipiranga, proclamou a independência do Brasil. Era dia 7 de setembro de 1822. 

É importante ressaltar que D. Leopoldina ao decidir pela independência do Brasil em documento assinado no dia 2 de setembro, não fez isso de forma deliberada e pessoal, pois provavelmente o assunto já havia sido discutido com D. Pedro. “D. Leopoldina não teria tomado uma atitude de tal dimensão sem uma margem mínima de segurança de que D. Pedro ratificaria seu ato. Poderia ser constrangedor e até arriscado. Mas o apoio de José Bonifácio, que integrava o Conselho e de quem tornou-se amiga, confidente e admiradora, provavelmente contribui para encorajá-la”, pondera Viviane Tessitore, historiógrafa da Central de Documentação e Informação Científica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 

De qualquer forma, isso não diminui a importância do feito de D. Leopoldina. A Princesa não aceitava as imposições da corte portuguesa. “Seria um retrocesso total. A ideia era fragmentar a unidade provincial para assim enfraquecer o movimento emancipacionista. Mas no ponto de organização em que se encontrava a sociedade brasileira, tais medidas só podiam soar mesmo como um afronta”, argumenta Viviane Tessitore. 

D. Leopoldina não ficou parada esperando o regresso do marido. Na iminência de um ataque português, a Princesa preparou um plano estratégico de defesa contratando mercenários, já que o Brasil não tinha exército e nem marinha. 

Já como a primeira governante do Brasil independente, D. Leopoldina idealizou a bandeira imperial com o verde da família Bragança e o amarelo da família Habsburgo.

Bandeira do Brasil Impéro

Você podia estar se perguntando: porque D. Leopoldina não proclamou publicamente a independência do Brasil no dia 2 de setembro de 1822? A Princesa seguiu o conselho dado por José Bonifácio, pois receosa de uma reação negativa por ser austríaca, preferiu deixar o anúncio ao seu marido. 

A importância em dar a D. Leopoldina o papel correto no processo de independência do Brasil faz parte das descontrações do mito em torno do 7 de setembro de 1822. Por mais que os livros didáticos perpetuem a imagem idealizada por Pedro Américo, sabe-se que a realidade foi bem diferente e alguns desses fatos começam a se popularizar no imaginário popular. Mas onde fica D. Leopoldina esquecida nessa narrativa histórica? Não está na hora dos livros didáticos destacarem o papel de D. Leopoldina? E de tantas outras mulheres que atuaram ativamente na História do Brasil.

Comentários

  1. Será que alguém sabe onde está o documento assinado pela princesa no dia 2 de setembro? Onde se encontra?

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  2. Provavelmente na Biblioteca Nacional

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