Imortais


O sucesso da trilogia O Senhor dos Anéis fez reaparecer em Hollywood o interesse por produções do gênero épico. Logo os mitos gregos dos heróis e deuses voltaram a povoar os cinemas com histórias cheias de ação. Tróia, lançado em 2004, explorou a temática e encheu as telas com lutas e batalhas grandiosas, mas não foi o suficiente para garantir o sucesso – financeiro – desejado pelos estúdios Warner.

Parecia que o gênero “épico grego” estava fadado a virar “lenda” novamente. Tais produções são caras demais e o retorno não era garantido. No entanto o filme de Zack Snyder, 300, mostrou uma nova forma de levar os mitos gregos aos cinemas valorizando a plasticidade das cenas, explorando os efeitos visuais e a estilização dos cenários e personagens mitológicos. A fórmula foi um grande sucesso comercial visto que, 300, que custou US$ 65 milhões arrecadou US$ 470 milhões.


Gianni Nunnari e Mark Conton foram os produtores de 300 e quatro anos depois do sucesso feito pelo filme dirigido por Zack Snyder, a dupla de produtores apresenta Imortais dirigido por Tarsem Singh.

Diferente de 300 que estilizava um fato histórico da antiguidade grega, a invasão persa, Imortais busca sua inspiração na mitologia. São nos feitos heróicos de Teseu que enredo do filme é construído. Mas não pense que ao ver Imortais irá conhecer os fatos protagonizados pelo herói, muito pelo contrario, o filme dirigido por Singh em quase nada lembra a fonte original, distorce trechos da mitologia grega e apresenta um filme bastante estilizado.

No filme, Teseu vive tranquilamente com sua mãe num povoado cravado na costa de uma montanha. No entanto tal tranquilidade é ameaçada quando o rei Hipérion, que está em busca do Arco de Épiro, uma arma capaz de matar deuses, conduz seu exército pelos povoados gregos levando destruição e morte. Ao chegar à vila onde mora Teseu, Hipérion mata a mãe do herói e o faz cativo. Preso e quase entregue a morte, Teseu conhece Phaedra, uma sacerdotisa do oráculo que tem uma visão sobre o futuro de Teseu. Apoiado por alguns deuses do Olimpo, Teseu parte numa jornada para derrotar Hipérion e impedir que o malévolo rei possua o arco de Épiro e deflagrar uma guerra contra o Olimpo.

A jornada de Teseus narrada Sing é bastante diferente das narradas por Plutarco e Pausânias, escritas nos séculos I e II d.C. O Teseu original era filho do rei Egeu, em outras versões é filho de Poseidon. Em Imortais, Teseu é um Zé-ninguém, um excluído da sociedade grega (tal situação do herói no filme faz lembrar o sistema de castas na Índia, país de origem do diretor Tarsem Singh). Os deuses gregos são diferentes de tudo que nós já vimos. O figurino é estilizado lembrando adereços de escolas de samba.

O curioso em Imortais é perceber a forma como os mitos gregos vem sendo apresentados ao público atualmente. A liberdade poética torna-se terreno fértil para diferentes tipos de reatualizações apresentando uma nova roupagem aos heróis e deuses. Não podemos negar o poder da imagem e pensando assim Imortais pode ser utilizado pelos professores de História em sala de aula.

O que proponho é um confronto entre as imagens do filme e as diferentes reproduções artísticas dos deuses e heróis gregos no decorrer dos anos. Os próprios livros didáticos oferecem ao aluno representações artísticas da mitologia grega. O confronto treinaria o senso critico do aluno ao procurar entender porque tais mudanças visuais ocorrem. Cabe ao professor criar problematizações envolvendo as imagens e até mesmo o enredo do filme, fazendo o aluno estabelecer relações entre o mito original e o filme apresentado.

Imortais ao não reproduzir o mito original, mas sim mostrando uma nova adaptação dos mitos antigos, revela que tais histórias ainda continuam imortais na nossa imaginação.


Diretor: Tarsem Singh
Produção: Mark Canton, Ryan Kavanaugh, Gianni Nunnari
Roteiro: Charles Parlapanides, Vlas Parlapanides
Fotografia: Brendan Galvin
Trilha Sonora: Trevor Morris
Duração: 110 min.
Ano: 2011
País: EUA
Distribuidora: Imagem Filmes
Estúdio: Universal Pictures / Relativity Media / Atmosphere Entertainment MM / Hollywood Gang Productions
Classificação: 16 anos

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